sábado, 12 de junho de 2010

VIVA, MEU GENERAL


Verão de 2004. O Miguel Urbano deu-me o número e disse-me: telefona ao General e pede-lhe que apareça. Tive as minhas dúvidas. Só conhecia Vasco Gonçalves de vista, quem era eu para me atrever a convidá-lo para o lançamento, no Museu da República e da Resistência, do livro do Henri Alleg, "La Question" ("A Questão") que eu tinha traduzido e prefaciado para o meu amigo Zé O de Os Mareantes, uma pequena editora com publicações de qualidade e que entretanto se foi à bolina na voragem do regime socrático.

Telefonei. O meu General agradeceu e disse: "Está bem. Eu Vou".

Na sessão do dia seguinte pela primeira e a última vez conversei com aquele homem educado, inteligente e culto. Nada a ver com os faiantes que ora governam esta grei. Vi humedecerem-se muitos olhos. A gente que ali se lhe dirigia sabia com quem tratava: um dos poucos homens honrados que alguma vez nos governaram. Alguém que sempre e acima de tudo colocou os interesses do País e do Povo.

O Henri Alleg que passou por tanta coisa terrível, estava tão comovido como nós. Da mesa a que presidia, falava muitas vezes como se se dirigisse ao general. O Urbano Tavares Rodrigues dava uma ajuda e grande. Foi, para mim, uma tarde memorável.

Ontem, quinto aniversário do seu falecimento, dei volta a uma papelada que guardo sobre os primeiros tempos do 25 de Abril. Jornais e coisas assim. Que continham também, fique o registo, os insultos da pandilha reinante & associados. Nada que não seja "normal".

Mas nós não nos esquecemos de si, meu General.
(A foto do Companheiro Vasgo foi gamada do blogue Causas da Julia. Obrigado, Júlia Coutinho)

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