
Vozes no canto mais escuro da casa, a janela aberta, as cigarras organizando-se em louvor do negrume. O luto foi-se, delido por mais de duas décadas de memórias, sobressaltos e tristezas.
Riem-se os que estão. Contam coisas, o que ela dizia, o que ela fazia, graças... E então o cutelo azul da ausência corta as vozes, algum riso, duas lágrimas clandestinas. É como se daqui nunca tivesse partido quem partiu.
[1946. Gouveia. Salão Azul. Vamos fazer a preto e branco e a três quartos, minha senhora. Quero que ele se lembre sempre de mim como eu sou agora, foi a desculpa da sua humilde vaidade ]
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